Gestão de carreira e competências l Artigo 275 - Quanto custa manter-se atualizado

Gestão de escolas

08 Agosto, 2016

Quanto custa manter-se atualizado

"Se é importante, fazemos. Se não é, justificamos"


Há duas semanas, o meu artigo teve como título "Atualização ou morte". Nele, como sempre faço, procurei provocar e sensibilizar meus leitores sobre a importância de um tema ligado à gestão da nossa carreira. Neste caso, fiz uma dura crítica a quem não se atualiza constantemente. Usei como exemplo um processo seletivo que conduzi e detalhei por que não convidei para a entrevista alguns candidatos, principalmente quando, em seus currículos, não havia nenhuma menção de educação continuada. Nem sequer um mero curso nos últimos 24 meses. Garanto que não sou o único. Conheço muita gente que trabalha com recrutamento e todos são unânimes em dizer que educação continuada é critério de eliminação.

Um leitor me escreveu com duas críticas bem fortes. A primeira era sobre o uso do termo "morte" no título do artigo. Ele achou o uso do termo agressivo e infeliz.  A segunda crítica dizia respeito à minha exigência com relação à educação continuada. Ele, em particular, acha excessiva a cobrança por atualização contínua e justifica que quem ganha pouco tem poucas condições de se atualizar com frequência.

Bom, em relação à primeira crítica, respondi pedindo desculpas "com letras maiúsculas". Disse que a minha intenção nunca foi ofender ninguém, mas apenas dar uma ênfase aguda à necessidade que todos nós temos de nos mantermos atualizados. Embora ainda ache que o termo "morte profissional" é adequado para quem não se atualiza na sua área, concordei de cara com o leitor porque ele por ter soado pesado demais. E fiz a única coisa que me coube - pedir desculpas. Já com relação à segunda crítica, respondi que discordo do argumento de que "quem ganha pouco não tem condições de se atualizar". Nesse ponto, discordo em gênero, número e grau.

Quando tinha 16 anos, decidi estudar inglês e ficar fluente na língua, pois já tinha notado que isso seria exigido, e muito, de mim ao longo da minha carreira. Na época, quem tivesse esse objetivo tinha que escolher três caminhos: estudar em uma escola de línguas no Brasil, fazer um intercâmbio e estudar inglês fora ou contratar um professor particular.  Não havia internet, redes sociais, aplicativos, "Wikipedia", tradutores na internet, "podcasts" e tudo mais. No meu caso, como o orçamento familiar não permitia fazer intercâmbio ou ter professor particular, fui para a escola e ponto final. Foram anos e anos para ficar (mais ou menos) fluente.

Hoje fico me perguntando: Quem quiser aprender inglês nos dias atuais, quantas alternativas tem? Garanto que em menos de dez minutos listo pelo menos umas vinte. E vamos a outros temas: E quem quiser aprender a cozinhar? E quem quiser aprender sobre maquiagem? E sobre leis, arquitetura ou jardinagem? Quantas opções de fontes de informação, cursos e conteúdos gratuitos existem? Inúmeros. Inúmeros. Nunca antes na história houve tanto conteúdo gratuito e de bom nível disponível para quem quiser aprender e se atualizar.

Portanto, não creio que orçamento familiar deva ser justificativa para a não-atualização. Isso soa mais como desculpa, na minha modesta opinião. É muito fácil, às vezes, terceirizarmos a responsabilidade e justificar a nossa inércia colocando culpa na falta de tempo ou de dinheiro.

Neste caso, qualquer um, absolutamente qualquer um, tem condições de reservar um tempo na sua agenda, sentar-se na frente de um computador, "tablet" ou celular (mesmo que emprestado), usar uma internet gratuita ou de um conhecido, e se atualizar. Fazer um curso gratuito "online", participar de um grupo de discussão sobre o tema que quer desenvolver, ouvir ou assistir documentários, assinar "podcasts" (áudios gravados que podem ser ouvidos a qualquer momento), acompanhar um canal ou Youtube que trate de um tema específico. Ou seja, estamos hoje com uma overdose (e não falta) de conhecimento gratuito e disponível.

Portanto, mais uma vez peço desculpas publicamente a quem se sentiu ofendido por eu ter usado o termo "morte" no artigo, mas reforço a minha opinião de que a atualização constante é possível, necessária e determinante para que o seu currículo seja um passaporte para a entrevista e não descartado em 30 segundos. Até o próximo!