Pensar, Conhecer e Realizar - Educação como estratégia de futuro - por Jorge Luiz da Cunha
11 Fevereiro, 2020
Para adentrar na questão da educação como estratégia de futuro, é necessário um retorno à concepção da educação a partir de autores clássicos que desenvolveram as suas teses e ideias sobre a Paidéia, com a finalidade de chegar ao entendimento da educação, da ética e da política, e compreender a importância das práticas de formação.
No período em que os gregos alcançaram seu máximo esplendor e importância, que ocorreu a cerca de cinco séculos antes de Cristo, portanto cerca de dois mil e quinhentos anos atrás, é possível verificar que o projeto social que dá origem ao que nós entendemos como educação, e inclui os espaços onde isso é efetivado, as escolas - de todos os níveis -; e, igualmente as práxis da profissão docente é a Paidéia. Portanto, está na base do que hoje entendemos como civilização ocidental.
Paidéia é a formação integral do ser humano, que pode ser compreendida em três aspectos fundamentais: - formação física, formação intelectual, e formação ético-moral.
Todos os sujeitos precisam ser formados fisicamente. Esta prática socioeducativa diz respeito à segurança, à saúde, ao esporte, ao uso do tempo ocioso (lazer), ao convívio informal entre os sujeitos, as garantias de alimentação saudável (em quantidades e custos acessíveis), água potável, etc. Atualmente, imputamos estas responsabilidades aos municípios, estados, união federal, aos governantes, aos gestores. Mas, ela também diz respeito aos espaços formativos escolares, especialmente segurança, esportes, uso do tempo ocioso, destinação dos espaços em que não há aulas formais, etc.
Outro aspecto fundamental da Paidéia é a formação intelectual. Atribuída entre os gregos, aos "melhores entre nós", e estes os gregos chamavam de Philosophos, "os que amam o conhecimento e a sabedoria".
Aos Philosophos, aqueles que mais apreciavam e compreendiam o papel do conhecimento na formação do humano, é que devia ser destinada a formação intelectual dos sujeitos em qualquer nível etário de suas existências. Esses amantes do conhecimento e da sabedoria deviam apanhar todo o conhecimento que já havia sido criado - no transcorrer de toda a história humana - para utiliza-lo como matéria-prima para estimular as crianças, adolescentes e adultos a uma reflexão crítica. Uma estratégia de formação educativa que levaria todos os envolvidos à capacidade de formular críticas e questionamentos e exercitar a criação e produção de novas e originais respostas e interpretações.
Diante do exposto, a afirmação de que educar não é transmitir informações, encontra o fundamento de sua legitimidade. Aqui reside a grande questão relacionada a má qualidade da educação no Brasil, e em muitos outros países do mundo: - generaliza-se, no espaço individual e público, profissional e governamental, a confusão prática e conceitual entre informação e conhecimento. Por isso, é necessário que se recupere a informação, sem desprezá-la, como matéria-prima das práxis educativas. É essencial que, aos educadores em todos níveis e espaços de formação humana, haja empenho em devolver ao conhecimento o papel de centralidade das ações e estratégias educativas. Pois, através dessas práxis é que a ação formativa age politicamente garantindo os princípios fundamentais da condição humana.