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Pensar, conhecer e realizar - Educar é construir identidades singulares - por Jorge Luiz da Cunha

Ao longo do tempo, nossas vidas vão se constituindo com base nas experiências que vivemos e nas percepções de mundo que vamos construindo com elas. Isso forma cada um de nós enquanto sujeitos sócio históricos, mas ao mesmo tempo em que essas vivências nos constituem no hoje, elas também nos formam para significações, ressignificações, experiências e escolhas no futuro. Desse modo, caracterizar as práxis de educação, sejam elas escolares, formais, não escolares ou informais exige entender e conceituar o exercício educacional de todo educador, de todas as áreas de conhecimentos ou disciplinas, como uma ação política e processual de construção da identidade individual e sociocultural de si e de todos os estudantes envolvidos, em meio a trajetória de vida pessoal ressignificada através da contextualização da prática específica do educador.
Todos somos sujeitos particulares em um todo sociocultural complexo e amplo. Estamos a todo momento agindo sobre ele e sendo afetados e influenciados por ele e pelas inter-relações que temos com os outros sujeitos particulares que nos cercam. Somos parte do mundo e o mundo parte de nós. Diante disso, tanto a consciência histórica quanto a memória, de modos interligados, tornam possíveis a construção da identidade de cada sujeito, como sendo elementos particulares da singularidade destes em diferenciação com os outros. Essa identidade individual, é particular, mas, ao mesmo tempo, coletiva, pois cada sujeito é uma parte de um todo maior e mais complexo, já que nenhum ser vive sem estas inter-relações com outros, ou seja, o sujeito é particular, mas pertence a um contexto sócio histórico e cultural.
Desse modo, é possível e necessário reconhecer as subjetividades como contexto de construção das identidades sociais e coletivas de todos os envolvidos nos processos educacionais, como estratégia de formação de consciência de si e dos outros. E esta questão envolve todas as áreas do conhecimento e é, portanto, responsabilidade de todo educador, independentemente de sua formação, e consequentemente de sua disciplina de atuação escolar.
A percepção e a memória individual resultantes desse processo, demonstram as visões que cada um tem sobre o contexto e o meio sociocultural do qual faz parte e ressignificam a cada nova experiência e narrativa de significação de si na relação com a informação, interpretação, crítica e alternativas vinculadas a temática abordada no campo educativo. Quando, como educadores ou educandos, vivemos a experiência de vincular nossa própria história de vida e nossa existência contextualizada com qualquer tema de qualquer área do conhecimento ou disciplina escolar, vemos a nós mesmos com outros olhos e, com isso, ampliamos a possibilidade de ampliação de nossa própria consciência.
Educar, ensinar, aprender, problematizar e interpretar os conhecimentos, as vivências e experiências, e, ao mesmo tempo, exercitar a construção de nossas identidades singulares e coletivas não é doutrinação. É educação! E, lamentavelmente, ainda é uma carência singular da educação no país em que vivemos.