Música, Neurociência e Aprendizagem - As atividades com música como ferramenta para o desenvolvimento da criança - por Junior Cadima
12 Dezembro, 2018
Antes da criança nascer, desde a barriga da mãe, ela já está em contato com a música e o ritmo por meio dos batimentos cardíacos do coração da mãe, mas é mais intenso depois que ela nasce e começa a vivenciar o universo sonoro que a cerca.
Desde cedo o bebê demonstra interesse por ritmos, sons musicais e a receptividade ao som é um fenômeno corporal. Isso acontece porque com o passar do tempo a criança experimenta sons que pode produzir com a boca, e ela é capaz de perceber e reproduzir esses sons acompanhado dos movimentos corporais, por exemplo, fazer um som com a boca e mexer os braços.
Durante a infância o cérebro humano é mais maleável e os efeitos da aprendizagem são maiores do que qualquer outra fase da vida (Flohr, Miller & Deebus, apud Illari, 2006). As atividades com música, seja por meio da execução de um instrumento, brincadeiras ou jogos rítmicos, auxiliam diretamente no desenvolvimento cognitivo da criança. Para Bréscia (2003), a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, o prazer de ouvir música, a imaginação, memória, atenção, autodisciplina, o respeito ao próximo, a socialização, afetividade e também contribui com o desenvolvimento da coordenação motora e consciência corporal.
Ainda se apropriando da fundamentação de Bréscia (2003), as atividades de musicalização não visam o ensino técnico de um instrumento musical e sim tornar a criança sensível e receptiva à música. Nesse sentido, outro ponto relevante é que as atividades musicais não devem ser impostas. É importante despertar a motivação na criança, proporcionar bem-estar e fazer com que ela tenha prazer na atividade que está realizando. Para Vygotsky, o processo de cognição tem origem na motivação. O sujeito se direciona para aquilo que quer fazer ou aprender.
Um estudo realizado em 2015 por uma equipe de fonoaudiologia da PUC - Goiás, comprovou por meio de uma pesquisa "caso-controle" a eficácia das aulas de musicalização para a estimulação da consciência fonológica em crianças de 4 anos. Participaram da pesquisa 20 crianças (todas com 4 anos e mesmo nível socioeconômico), sendo que 10 delas frequentavam aulas de musicalização a mais de 2 anos e as outras 10 não tinham vivência musical.
Após a avaliação que foi realizada para mensurar as habilidades em consciência fonológica, ficou constatado um maior número de acertos por parte das crianças que participavam das aulas de musicalização, comprovando o quanto as atividades com música auxiliam na estimulação de habilidades que são preditoras para a aquisição da leitura e escrita.
Nesse sentido, podemos apontar as atividades musicais na educação infantil como uma grande facilitadora no processo de aprendizagem, favorecendo ativamente o desenvolvimento global da criança, que envolve aspectos motores, cognitivos e emocionais.