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Educação Socioemocional|Conflitos na Escola

Vamos tecer, não remendar


Vivemos hoje o tempo da pluralidade e da diversidade. Não dá mais para jogar para debaixo do tapete o fato que, SIM, somos diferentes, únicos, complexos, diversos. Aliás, somos iguais porque somos diferentes! Diante disso, sem dúvida nenhuma, acredito que nunca, em toda a história da educação, falou-se e escreveu-se tanto acerca da necessidade da inclusão e de valores como o respeito, a tolerância e dignidade, bem como princípios de direitos e deveres. 

E, justamente devido à diversidade de culturas, valores e princípios, assim como na sociedade, a escola também se caracteriza como um espaço de conflitos. O conflito é um fenômeno social, inerente às interações humanas; esteve e sempre estará presente na escola. 

No entanto, a maneira como a escola lida com essas situações desgastantes, por sua vez, é especialmente relevante para a formação humana. Ignorar os conflitos, além de estimular condutas preconceituosas e muitas vezes reproduzir as desigualdades que vemos em nossa sociedade, também poderá afetar a qualidade do ensino oferecido pela escola. Por outro lado, implantar espaços de diálogo acerca da qualidade das relações e debater os problemas de convivência, a fim de, JUNTOS, buscar uma solução aos conflitos e propor maneiras não violentas de resolvê-los,  pode incentivar apoio mútuo entre os alunos, fortalecer sua autoestima, além de permitir o desenvolvimento de habilidades emocionais num ambiente de solidariedade, tolerância, cooperação, amizade, justiça e respeito - isso, certamente, representa um ganho não só para os estudantes, mas para a comunidade escolar. Assim, aprender a lidar com os conflitos de forma positiva é essencial para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis.

Além disso, os conflitos também representam uma ótima oportunidade para que a escola trabalhe questões de valores, normas e regras; crie, junto aos alunos, espaço de reflexão e diálogo sobre suas ações - o que desejam, o que podem e, principalmente, o que devem - para que, ao longo de sua vida, eles possam tomar decisões responsáveis, não, simplesmente, porque devem obedecer às regras. Isso é promover o desenvolvimento da ética e da autonomia moral.

Neste sentido, precisamos voltar o nosso olhar e resgatar a função social da escola no sentido de contribuir para na formação dos alunos para a realidade. Do contrário, a escola será acusada de ser uma instituição que aliena.

É sabido que a escola tem que se preocupar em preparar o aluno para as exigências e demandas de um mundo em constante transformação e ajudá-lo a desenvolver competências para o século 21, ok? Tudo certo, exceto pelo fato que os cursos de graduação ainda não preparam nossos professores para que eles sejam capazes de criar estratégias que promovam e favoreçam o desenvolvimento dessas habilidades - comunicação, empatia, inteligência emocional, negociação, cooperação, tolerância, trabalho em equipe, respeito... - que, afinal, não são aprendidas em apostilas ou livros, bem como assistindo palestras. 

Para que programas escolares com foco na educação socioemocional sejam satisfatoriamente desenvolvidos no país, é necessário investir na formação de professores.  É preciso empoderar os educadores não apenas com conhecimentos científicos, mas, principalmente, de práticas e estratégias para o trabalho na sala de aula: O QUE e COMO fazer. É a produção de saberes e fazeres que se concretizem na criação de novas modalidades de práticas na escola. O cuidado, atenção e construção de um novo olhar da atuação pedagógica.

Assim surgiu a ideia de estruturar o Curso de Especialização em Educação Socioemocional e Práticas na Escola cuja principal aposta é no sentido contribuir com a formação dos educadores através de novos conhecimentos articulados às estratégias práticas aplicáveis no dia a dia da escola; contribuir para que os educadores sejam capazes de oferecer atendimento educacional que promova o desenvolvimento integral do aluno levando em conta as necessidades, as limitações, as potencialidades e os interesses de cada um, com a ciência de que existe uma série de aspectos que são mais relacionados à atitude do que ao conhecimento puro e simples.