Educação em foco l A nova regra da docência: divirta-se.
01 Março, 2017
A nova regra da docência: divirta-se.
Observe os professores, em especial os que lecionam na educação básica. É relativamente fácil reconhece-los em meio à multidão: colunas arqueadas, em especial na região dos ombros, andar pesado, olhar cansado (principalmente ao final do dia) e pilhas de materiais nos braços. O humor, em grande parte dos casos, é afetado pelo seguinte contexto: gerações sem limites, casos de carência extrema, metas de diferentes origens, processos avaliativos, intempéries nas relações humanas, escassez de tempo, excesso de atividades e turnos dobrados ou triplicados. Diante deste quadro, ainda é necessário ter metodologias eficazes para o aprendizado. É natural, portanto, que tal situação se reflita nas reações corporais e interpessoais ou sejam o estopim para estresse e outras patologias de origem emocional, física e/ ou psicológica. Mais de 10% dos professores da rede estadual de São Paulo, no ano de 2015, estavam afastados do trabalho por doenças psicológicas, ocasionadas por problemas ocorridos no âmbito profissional.
Em contraponto, destacam-se aqueles docentes... Ah! Aqueles docentes! Brilho nos olhos, alegria sem fim, ideias inovadoras, práticas pedagógicas agradáveis, uma dose de energia extra e, de quebra (geralmente), são muito queridos pelos alunos. Independentemente da idade da classe para a qual lecionam, seus pedidos são atendidos e a maioria o reconhece enquanto autoridade.
Para você, educador, que se enquadra em um ou mais desconfortos descritos no primeiro parágrafo, pergunte-se: você é feliz lecionando? Se não, por que os professores descritos em seguida o são? O que há com eles? De onde sai tanta energia e criatividade?
Segue a dica principal: divirta-se. É isso que eles, dentre outras coisas, fazem.
Sim, sabemos o quanto pode ser difícil se animar diante de determinados contextos. Mas estamos de acordo que a grande maioria das crianças se anima mais para brincar do que para fazer uma prova? Isso envolve um verbo pouco utilizado nas escolas: gostar. Goste do que faz, crie, invente, alie-se aos seus alunos por uma aprendizagem mais divertida e, consequentemente, mais intensa. Busque novas informações não pensando somente nas metas, mas em alegrar a turma. Ouça seus alunos, aceite ideias e se encante. Traga tarefas que você mesmo goste de fazer, permita-se rir e dê-se a liberdade de se envolver com a atividade.
O segredo é: não foque na meta a qualquer custo. Foque no quão divertido e prazeroso será chegar na meta da aprendizagem e mantê-la desperta no contexto dos alunos. O objetivo a cumprir você já tem. Invista, portanto, na solução, e quanto mais alegre e diversificada ela for para todos - inclusive para você, professor - melhor será o seu resultado, conforme várias pesquisas já comprovaram.
Está faltando bom humor na escola. Seja a mudança e inspire. É sensacional saborear o fato e a leveza de se enquadrar na segunda categoria de professores deste texto.
Lembre-se: o professor é o exemplo. Faça, e as consequências (boas, sem dúvida) virão.
Maibí Fernanda Chesi Mascarenhas
Docente no ensino superior, especialista em gestão de pessoas, graduada em Pedagogia - licenciatura plena, com aperfeiçoamento em educação inclusiva e gestão educacional e atriz profissional regulamentada pelo SATED/ SP. Aperfeiçoamento em acessibilidade, LIBRAS e áudio descrição. Docente universitária na graduação em Pedagogia na UNIESP Fleming Campinas e nos cursos de pós-graduação de Psicopedagogia e Educação Inclusiva. Docente, gestora e atriz da Água Mágica Produções Artísticas e elaboradora de cursos, espetáculos, palestras e treinamentos lúdicos, educacionais e corporativos. Coordenadora de pós-graduação em Educação Inclusiva do Instituto Brasileiro de Formação de Educadores (IBFE) e atuante na área de inclusão desde 2003.