Neurociência e Comunicação - Metaprogramas Cerebrais - João Rilton

Neurociência

20 Junho, 2018

Vamos entender inicialmente o conceito de Programas Básicos Cerebrais dentro do contexto da comunicação, pois assim compreenderemos com mais clareza o que vem a ser os Metaprogramas Cerebrais, que são definidos como estruturas que estão além dos Programas Básicos Cerebrais. Um programa básico cerebral é uma sequência de ações executadas pelo cérebro, e que tem a função de gerar algum tipo de ação sistemática: movimentos musculares, algum tipo de sensação física, ou emocional, em resposta a um estímulo visual, auditivo ou cinestésico. Programas básicos são acionados quando executamos algumas atividades do cotidiano. Tomemos por exemplo o seguinte caso: eu entro em uma loja, vejo uma caneta azul, fico interessado em compra-la, me aproximo para enxergar melhor, pergunto o preço para o vendedor e resolvo comprar. As ações de entrar na loja, observar a caneta, se aproximar dela, perguntar o preço e compra-la, são programas básicos do cérebro envolvidos com a satisfação dos meus desejos nesse dia, ou seja, são programas que estão necessariamente recebendo ordens de outros programas.

Meta-Programas são programas que me dizem quais programas básicos eu devo usar numa determinada situação. Eles são um tipo de orientação interna para as minhas escolhas e atitudes. Carregam o significado do porquê eu uso certos programas básicos, e não outros, em determinadas situações da minha vida. Entrar numa loja é um programa básico que segue uma sugestão dada por mim. Essa sugestão está condicionada a um tipo de atração, de desejo que me faz ter vontade de entrar na loja. Mover o meu corpo em direção a caneta que fiquei interessado é um programa básico que está sujeito ao mesmo tipo de desejo. Portanto, percebemos que existem programas que comandam os programas básicos. O programa que me informa que existe prazer em comprar a caneta, comanda todos os programas básicos para que esse desejo seja atendido. Esse programa que gera o desejo de comprar a caneta, e que comandará os programas básicos para isso acontecer, é um exemplo claro do que é um metaprograma.

Imagine que você é uma pessoa que precisa saber qual é a opinião do outro para ter certeza que seu trabalho foi bem feito. Podemos dizer que nessa situação você está orientado a buscar a resolução da sua dúvida se submetendo ao julgamento externo. Isso é um metaprograma. Por outro lado, se eu dou mais valor para minha opinião sobre algo que eu fiz, podemos dizer que a orientação é para resolução da dúvida através do julgamento interno. Isso é um outro metaprograma. O interessante é que não existe um metaprograma melhor que o outro. São duas possibilidades diferentes de se ver a vida.  A relação do Metaprograma com o tipo de meta que se quer atingir é que dirá se aquele metaprograma é adequado para resolver os conflitos necessários para se atingir aquela meta específica. Muitas vezes para se atingir uma meta precisamos estar orientados para o julgamento interno. E tantas outras vezes a melhor opção para se atingir uma meta é estar orientado para o julgamento externo.

Se uma pessoa que faz um trabalho ineficiente, não tem consciência disso e além de tudo tem a sua orientação voltada para o interno, poderá se transformar numa pessoa muito teimosa. Por outro lado, se essa mesma pessoa tiver a consciência de suas falhas, poderá usar sua própria orientação interna para melhorar essa situação. E volto a repetir: não há uma orientação melhor que a outra, apenas duas visões diferentes.

Conhecer os nossos metaprogramas pode nos oferecer uma visão de quais atitudes estão adequadas aos nossos desejos de vida. Conhecer o nosso auto funcionamento nos possibilita desenvolver estratégias que utilizem as nossas potencialidades e não as nossas fraquezas. Observar a nossa forma de comunicação através dos metaprogramas é uma forma de se desenvolver a auto-observação, que é o primeiro passo para o caminho do autoconhecimento.

Por tudo isso, Viva a Comunicação!