Inclusão l Mais cromossomos e amor de sobra: Síndrome de Down e a escola

21 Março, 2017
Mais cromossomos e amor de sobra: Síndrome de Down e a escola
No dia 21 de março, é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A síndrome consiste na trissomia do cromossomo 21, ou seja, ao invés do feto receber 23 cromossomos do pai e 23 cromossomos da mãe no momento da concepção, ele recebe 24 cromossomos de um dos dois, causando a alteração específica.
No Brasil, em 07 anos, tivemos um aumento de 600%, aproximadamente, nas matrículas de crianças e jovens com deficiência nas escolas regulares devido à nova legislação de inclusão da pessoa com deficiência, e boa parte do alunado é composta por estudantes Down. Reconhecemos este público facilmente: olhos levemente puxados, hipotonia muscular (musculatura menos rígida), tom de voz mais grave, necessidade de repetição de informações para concatenação de informações e corações repletos de afeto. Por isso, é importante conhece-los para acolhê-los com melhor qualidade.
Muitos educadores, tanto por desconhecimento de causa quanto pelo receio de não proceder adequadamente, ainda temem a chegada de uma criança Síndrome de Down em suas classes. Como, então, é possível incluir este estudante na turma e promover recursos para o seu desenvolvimento junto aos colegas sem deficiência?
É importante destacar que aluno Síndrome de Down, principalmente se estimulado desde a primeira infância por sua família, terapias de apoio e recursos pedagógicos escolares, possivelmente terá condições de se desenvolver com autonomia, alegria e responsabilidade. Poderá, por exemplo, trabalhar, sair sozinho, se divertir, executar seus cuidados pessoais e desenvolver todas as principais tarefas, em condições semelhantes aos indivíduos sem deficiência.
Para atender e ensinar um estudante que se enquadra na Síndrome de Down, as principais orientações para os educadores são, primeiramente, sondar o histórico do aluno, conhecendo informações sobre sua gestação, terapias de apoio e estimulação precoce, caso tenha tido. Estes dados são determinantes para os próximos passos. Após a sondagem, nas práticas pedagógicas em sala de aula, é importante repetir várias vezes a mesma informação, com linguagem clara e expressões objetivas, e utilizar diversos recursos e materiais para ensinar um determinado conteúdo. A atenção diária e detalhada é fundamental. A organização da rotina, os contrastes nos tons de oralidade e a intensa dedicação ao ensino de cuidados de saúde e higiene, auxiliando em sua realização e, posteriormente, solicitando que a criança faça repetidamente as próprias tarefas, são ações valiosas para o desenvolvimento da autonomia, aprendizagem e satisfação de cada aluno.
Porém, mais importante do que as sugestões técnicas, o grande diferencial de uma educação que realmente funcione para este aluno é o professor abraçar a causa da inclusão da pessoa com deficiência. Já é comprovado que, quando o docente gosta de lecionar e de seu grupo de alunos, a aprendizagem é muito mais eficaz. Esta afirmação é ainda mais certeira quando falamos de alunos da educação inclusiva. Muito além de técnicas e materiais, estão o amor, a paciência e o crédito no progresso do aluno. Esta tríade, somada ao conhecimento e práticas pedagógicas do professor, promoverão resultados surpreendentes, dentre eles, sentimentos de orgulho, gratidão e missão cumprida. Comemorar o Dia Internacional da Síndrome de Down é celebrar a possibilidade de todos aprenderem e se desenvolverem do próprio jeito, dependendo apenas do envolvimento e empenho dos que o cercam.